"A nossa presença na «Expo 2020 Dubai» permitiu chegar ao mercado que é a própria exposição mundial [Dubai], mas também ao mercado do Médio Oriente, onde não tínhamos vindo a conseguir chegar. Através deste veículo conseguimos lá entrar", quem o diz é o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins.
O autarca afirma que o mercado para onde o setor mais exporta é o europeu, para "uma parte da América do Norte", e, desde há cerca de quatro anos, para o Extremo Oriente, onde já foi conduzida "uma forte missão de negócios", em 2018. "Queremos agora também chegar ao Médio Oriente, onde há uma maior apetência do mercado para a ourivesaria e a Filigrana em particular".
Depois de Sharon Stone e da série “La Casa de Papel”, a Filigrana de Gondomar passou pela «Expo Dubai 2020», entre os dias 7 e 12 de dezembro, engrandecida e com vontade de chegar mais longe.
Foi em 2014 que a atriz norte-americana ostentou, num passeio em Beverly Hills, um enorme Coração de Filigrana, feito em Gondomar. Este acontecimento ainda está na boca dos filigraneiros como um marco para esta arte secular. Mais recentemente, foi a atriz Úrsula Corberó, que interpreta Tóquio na série da Netflix, a feliz contemplada com um Coração de Filigrana. Ambas as peças foram assinadas por António Cardoso, para quem a presença no Dubai "correu muito bem e superou todas as expectativas", tendo saído de lá com "potenciais negócios".
Entre as peças mais emblemáticas levadas ao Dubai, esteve o vestido assinado por Micaela Oliveira, em colaboração com o ourives Arlindo Moura, cuja criação envolveu mais de dez artesãos que contabilizaram cerca de duas mil horas de trabalho. Também em exposição esteve, e estará até ao final do evento, "O Maior Coração em Filigrana do Mundo", um projeto de 2018 que contou com a colaboração de doze empresas locais e 25 artesãos envolvidos.
Para Fernando Ribeiro, outro ourives que marcou também presença no Dubai, "a Filigrana foi sempre uma arte única que temos e nós somos únicos a fazê-la. Esteve meia adormecida durante uns anos. Sempre fizemos Filigrana, mas não era uma arte que fosse apreciada no geral. Era muito específica. Até que veio a Sharon Stone.". Depois de Sharon Stone, "o Município de Gondomar – e muito bem – agarrou nesse acontecimento e criou a Rota da Filigrana. A partir daí foi um expoente máximo da demonstração do que é fazer a Filigrana".
Mas, para além da presença em feiras internacionais, a promoção e a preservação desta arte secular tem sido feita em várias frentes, tais como a criação da Rota da Filigrana, para atrair mais turistas; e a Certificação da Filigrana de Portugal, para valorizar e proteger a arte. Agora, segue-se a candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Marco Martins realça estes "dois passos" que servem para "proteger a Filigrana feita em Portugal - 90% da qual é feita em Gondomar e 10% na Póvoa de Lanhoso". Sobre a candidatura refere que "a aprovação significaria sobretudo um reconhecimento e um selo de qualidade, de história, de cultura, a esta atividade tão importante para Gondomar".